Chomsky, Zizek e Harvey. O que eles tem em comum com Hrant Dink?
No dia 19 de janeiro de 2007, em Istambul, Hrant Dink, foi morto a tiros por Ogün Samast, um jovem de 17 anos de idade. Ele pagou com sua vida por ser um jornalista de origem armênia progressista e de notoriedade, tanto na Turquia como em toda a na Europa. Como editor de um semanário bilíngue em armênio e turco chamado Agos, ele tinha uma visão crítica do presente sem esquecer reivindicações históricas como o genocídio contra o povo armênio cometido em 1915 pelo estado turco. Ele não recuou diante das ameaças e continuou. A morte de Dink provocou uma mobilização popular e a cada novo aniversário cidadãos turcos, sem distinção de origem étnica ou religiosa, se mobilizam para reivindicar justiça.
Hrant Dink e o ganhador do prêmio Nobel de literatura, o escritor turco Orhan Pamuk, foram vítimas do Artigo 301 do Código Penal turco, que em 2005 foi denunciado pela Anistia Internacional por ameaçar a liberdade de expressão. Esse artigo em seu texto proíbe “insultar a Turquia, a nação turca, ou instituições governamentais turcas” e é usado, por exemplo, para punir aqueles que falam de genocídio contra o povo arménio.
A tentativa de calar as vozes que lutam por democracia é a demonstração mais clara do autoritarismo turco.
Hoje existem 18 intelectuais detidos por “incitar o ódio” e “divulgar propaganda terrorista”. Esses intelectuais, juntamente com outros mil estudiosos de dentro e fora da Turquia, entre os quais Noam Chomsky, Slavoj Zizek, Judith Butler, Etienne Balibar e David Harvey, assinaram um pedido exigindo que “o Estado turco abandone a matança deliberada e deportação de curdos e outros povos da região”
Nove anos depois do assassinato de Hrant Dink, sua ausência é cada vez mais perceptível. A singularidade de sua figura não se apagou com seu assassinato. O CNA-Brasil neste 19 de janeiro de 2016 homenageia Hrant Dink continuando a sua luta.